A Escola Austríaca de Economia, frequentemente considerada uma das tradições mais influentes e, ao mesmo tempo, mais controversas do pensamento econômico, teve suas origens no final do século XIX. Fundada em um período de grandes mudanças econômicas e sociais, a Escola Austríaca desafiou as teorias econômicas dominantes de sua época e, ao longo do tempo, foi tanto reverenciada quanto marginalizada no cenário acadêmico. Esse banimento, ou marginalização, não apenas moldou sua história, mas também fez com que suas ideias ganhassem um fascínio especial entre economistas, filósofos e pensadores políticos que buscavam alternativas às abordagens econômicas convencionais.
A Escola Austríaca surgiu em Viena, Áustria, na década de 1870, com Carl Menger sendo seu fundador. Em sua obra seminal, "Principles of Economics" (1871), Menger lançou as bases para o que viria a ser conhecido como a teoria do valor subjetivo, que defendia que o valor de um bem não estava intrinsecamente ligado ao seu custo de produção, mas sim à importância que os indivíduos atribuíam a ele. Essa perspectiva contrastava fortemente com a teoria do valor-trabalho, dominante na época, e marcou o início de uma abordagem distinta à economia.
Apesar de suas contribuições significativas, a Escola Austríaca foi, ao longo do século XX, amplamente marginalizada pelo mainstream acadêmico. Esse "banimento" se deu por várias razões:
Metodologia Diferente: A ênfase austríaca na teoria subjetiva do valor, na praxeologia e na análise qualitativa contrastava fortemente com o crescente uso de modelos matemáticos e estatísticos nas ciências econômicas.
Oposição ao Planejamento Central: Durante grande parte do século XX, o planejamento econômico centralizado e o intervencionismo estatal eram amplamente aceitos como ferramentas para alcançar o desenvolvimento econômico. A Escola Austríaca, com sua defesa intransigente do mercado livre, foi vista como antiquada ou mesmo perigosa.
Isolamento Acadêmico: Com poucos seguidores em grandes universidades, especialmente nos Estados Unidos, as ideias austríacas foram sendo relegadas a instituições menores e, por um tempo, a think tanks libertários, longe dos centros tradicionais de poder acadêmico.
Não posso dizer que concorde com todas as ideias da Escola Austríaca, mas seus pensadores têm um grande virtude: acertam quando terá uma crise! Pensadores como Mises conseguiram prever a crise de 1929 e, em 2008, foram os únicos que alertaram que haveria uma crise sistêmica que teve sua gênese no mercado imobiliário americana. Logo, não seria hora de essa escola sair do ostracismo e passar a fazer parte do debate acadêmico? Se as ideias libertárias não são boas, não seria melhor produzir argumentos contrários em um debate enriquecedor ao invés de levá-los ao ostracismo?
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